prêmio Roberto Reis do Livro

O Prêmio Roberto Reis BRASA Book reconhece os dois melhores livros de Estudos Brasileiros publicados em inglês que contribuem significativamente para promover a compreensão do Brasil. O prêmio homenageia Roberto Reis, um dos fundadores da BRASA, comprometido com o desenvolvimento de estudos brasileiros nos Estados Unidos.

Diretrizes para enviO

Para que um livro seja considerado para o prêmio, seu autor deve ser membro da BRASA e estar em dia com as cotas. O livro deve ter sido publicado em inglês entre janeiro de 2022 e dezembro de 2023. A BRASA concederá quatro prêmios – dois para as primeiras monografias, dois para os autores estabelecidos.


O autor do livro deve enviar uma folha de rosto por e-mail à Secretaria da BRASA em brasa@brasaweb.org e enviar uma cópia impressa da folha de rosto e uma cópia do livro diretamente a cada membro do comitê.

O prazo para envio será 1 de dezembro de 2023. (Nota: Os livros publicados em dezembro de 2023 podem ser enviados até 31 de dezembro de 2023.) O comitê tomará decisões sobre ambos prêmios. A Secretaria enviará uma carta aos vencedores e os anunciará através do site da BRASA. O anúncio dos vencedores também será feito no próximo Congresso Internacional da BRASA XVII na Universidade Estadual de San Diego, em Abril de 2024.

Vencedores do prêmio Roberto Reis do Livro 2021

VICTORIA SARAMAGO

Fictional Environments: Mimesis, Deforestation, and Development in Latin America. Northwestern University Press, 2020.

Fictional Environments ressalta habilmente a fundamentação e o valor da literatura para a sociedade por meio de um exame meticuloso e perspicaz de como as obras ficcionais intervêm nos ambientes latino-americanos por meio de práticas imaginativas e criação de conhecimento. Usando um andaime teórico complexo, o livro de Saramago mostra de forma brilhante a importância da literatura na geração de conversas sobre ameaças a vários ambientes no Brasil e, mais amplamente, nas Américas, e como textos literários podem inspirar esforços de conservação. Fictional Environments é um daqueles textos excepcionais que mudam a maneira como se pensa a literatura, a interface entre a obra literária e a sociedade e o papel que os estudos literários podem desempenhar no pensamento e na interação com o mundo ao nosso redor. Cada capítulo de Fictional Environments lança uma nova luz sobre obras literárias que desfrutaram de uma extensa fortuna crítica. Cada um dos capítulos do livro inspira o leitor a reexaminar textos canônicos e explorar outros caminhos críticos para essas leituras. Fictional Environments, sem dúvida, se tornarão uma referência obrigatória para estudiosos que lidam com humanidades ambientais latino-americanas e para aqueles que estudam literatura latino-americana em geral.

CASE WATKINS

Palm Oil Diaspora: Afro-Brazilian Landscapes and Economies on Bahia’s Dendê Coast. Cambridge University Press, 2021.

Palm Oil Diaspora é relevante, analiticamente rigoroso e fundamentado em experiências de pessoas reais, representando o melhor da interdisciplinaridade e dos estudos brasileiros. Watkins usa uma combinação metodologicamente inovadora de registros de arquivo, mapeamento geoespacial e etnografia para narrar com maestria os emaranhados de geografia, história e ambientes sociais entre os afro-brasileiros. Sua soberba história e etnografia deste potente ícone da diáspora afro-brasileira é uma análise perspicaz das complexidades subjacentes à relação entre comunidades negras, ambientes e poder. Em particular, Palm Oil Diásporas é uma história indispensável para qualquer pessoa interessada no movimento dos povos das plantas e nos sistemas de conhecimento africanos nas Américas. Este livro provavelmente resistirá ao teste do tempo.

AUTOR SÊNIOR

RAFAEL CARDOSO

Modernity in Black and White: Art and Image, Race and Identity in Brazil, 1890-1945. Cambridge University Press, 2021.

Neste texto inovador, Cardoso fornece um relato da arte moderna e do modernismo no Brasil. A partir de estudos anteriores, em sua maioria restritos às arenas de elite da literatura, das artes plásticas e da arquitetura, o livro situa os debates culturais nas correntes mais amplas da vida brasileira. Da ascensão das primeiras favelas, nas décadas de 1890 e 1900, à criação do samba e do carnaval moderno, nas décadas de 1910 e 1920, e acompanhando a expansão da mídia de massa e do design gráfico, nas décadas de 1930 e 1940, Cardoso habilmente coloca em primeiro plano aspectos da cultura popular urbana que têm sido sistematicamente negligenciadas. Nesse cenário, Cardoso oferece uma releitura instigante da Antropofagia e de outras correntes modernistas, situando-as em um campo mais amplo de modernização cultural. Em suma, combinando extensa pesquisa com leituras próximas de uma gama de produção cultural visual, o volume traz à luz um rico arquivo de arte e imagens em um texto escrito convincente, acessível em todas as disciplinas.

BENJAMIN A. COWAN

Moral Majorities Across the Americas: Brazil, the United States, and the Creation of the Religious Right. University of North Carolina Press, 2021.

Neste livro meticulosamente pesquisado, Cowan narra o advento de um movimento religioso hemisférico no Brasil e nos Estados Unidos. Esses dois países, argumenta Cowan astutamente, abrigaram os principais ativistas e instituições que moldaram colaborativamente o conservadorismo religioso ascendente do final do século XX. Em seu texto, Cowan não apenas desenterra conexões históricas fascinantes entre conservadores religiosos brasileiros e norte-americanos, mas também prova o quanto os pensadores, ativistas e instituições brasileiras foram essenciais para gerar o poder político de direita nas Américas. O livro mostra que os guerreiros religiosos protestantes e católicos começaram a dialogar na década de 1930 em torno de uma aversão apaixonada ao ecumenismo convencional e ideias políticas moderadas. Intelectuais, políticos, líderes religiosos e capitães da indústria brasileiros trabalharam com parceiros em casa e nos Estados Unidos para construir uma direita unida. Sua plataforma transnacional e transdenominacional promoveu um senso de causa comum e permitiu que eles desenvolvessem uma série de estratégias que empurraram ideias outrora marginais para o centro do discurso público, remodelaram a demografia religiosa e efetuaram uma mudança para a direita na política em dois continentes. Moral Majorities Across the Americas informa e transforma significativamente nossa compreensão da história política do Brasil

VENCEDORES ANTERIORES

2019 JESSICA GRAHAM

Shifting the Meaning of Democracy: Race, Politics, and Culture in the United States and Brazil. Oakland, California, University of California Press, 2019.

Shifting the Meaning of Democracy é um estudo historiográfico baseado em uma cuidadosa busca de arquivos e em um vasto domínio da produção intelectual durante o período estudado. O autor enfrenta uma das premissas mais certas de estudos comparativos sobre o Brasil e os Estados Unidos: sua oposição em termos raciais. É um trabalho com muitas contribuições. Traz uma reflexão essencial de um período histórico relevante (1930-1945) sobre o tema da democracia nos dois países, inova sobre a importância da relação entre raça e política no período analisado. O livro aborda uma série de fatos históricos importantes nos dois países, identificando não apenas alianças, mas estratégias comuns sobre questões raciais, trazendo novas luzes ao nosso entendimento sobre raça, nação e democracia nas duas nações.

2019 REBECCA TARLAU

Occupying Schools, Occupying Land: How the Landless Workers Movement Transformed Brazilian Education. New York, Oxford University Press, 2019.

Em Occupying Schools, Occupying Land, Rebecca Tarlau oferece uma história e uma etnografia política das iniciativas educacionais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) entre os anos 1980 e 2013. Ela argumenta que as iniciativas educacionais do MST vêm combinando ações políticas c com as estratégias ocupação de instituições estatais para perseguir seus objetivos de transformação social. Em outras palavras, ela mostra que as lutas e realizações educacionais do MST sugerem que “os movimentos sociais podem aumentar sua capacidade interna ao envolver instituições estrategicamente”. O livro é baseado em um esforço de pesquisa verdadeiramente impressionante, que incluiu vinte meses de imersão nas atividades diárias dos coletivos educacionais do movimento, mais de duzentas entrevistas em profundidade com ativistas e atores estatais e centenas de outras fontes primárias e secundárias, incluindo correspondências, leis e decretos governamentais, livros didáticos, artigos de jornais, programas de conferências, folhetos e uma variedade de outras fontes.

2019 MENÇÃO HONROSA OSCAR DE LA TORRE

The People of the River: Nature and Identity in Black Amazonia, 1835-1945. Chapel Hill: The University of North Carolina Press, 2018.

The People of the River mostra a vida e os meios de subsistência de camponeses afrodescendentes na Amazônia brasileira, de meados do século XIX até a Segunda Guerra Mundial, destacando o nascimento e a elaboração de identidades negras, rurais e agrícolas que se manifestaram em resposta à demografia e ecologia locais, prioridades sociopolíticas e pressões econômicas que estavam constantemente em fluxo. Evitando os abrangentes discursos sociais, científicos e populares da mestiçagem que muitas vezes serviram para apagar comunidades negras, indígenas e outras minorias das paisagens e historiografias nacionais do Brasil, os sujeitos afro-amazônicos compreendiam comunidades radicalmente heterogêneas que entendiam e expressavam suas agência individual e coletiva em simbiose íntima com o mundo natural. De la Torre utilizou materiais de arquivo, entrevistas pessoais, além de uma ampla variedade de fontes primárias e secundárias publicadas, a fim de recontar essas histórias fascinantes e bem elaboradas, é uma conquista notável.

2017 CELSO T. CASTILHO

Slave Emancipation and Transformations in Brazilian Political Citizenship. Pittsburgh: University of Pittsburgh Press, 2016.

Muitos estudiosos escreveram sobre a abolição da escravidão no Brasil, mas grande parte da literatura sobre emancipação de escravos se concentrou em quem, por que e quando. Neste excelente e inovador estudo do movimento abolicionista de Pernambuco, Celso Castilho leva a discussão a uma nova e importante direção, concentrando-se na maneira como a mobilização para acabar com a escravidão humana no Brasil ampliou as fronteiras da esfera pública e estimulou novos debates sobre cidadania e pertencimento nacional. Esses debates, por sua vez, impactaram o curso do processo de emancipação, mas também levaram as elites que se apegavam ao seu poder escravista a responder de maneiras que atrasavam a abolição e rejeitavam as reivindicações políticas de mulheres, pobres e pessoas de cor, escravizadas e livres. Este livro é uma contribuição crucial para a historiografia da emancipação de escravos no Brasil e uma fonte crítica para entender as definições limitadas de liberdade e cidadania que moldaram a ordem pós-emancipação.

2017 Christopher Dunn

Contracultura: Alternative Arts and Social Transformation in Authoritarian Brazil. Chapel Hill, North Carolina: University of North Carolina Press, 2016.

A Contracultura fornece uma exploração inédita até agora do movimento contracultural brasileiro desde o seu início no final da década de 1960 até o final da década de 1970. Com especial atenção à classe, gênero, raça, sexualidade e suas interseções, Dunn oferece análises nítidas e descrições ricas das variadas maneiras pelas quais artistas, intelectuais e jovens perturbaram as visões não apenas de líderes militares autoritários, mas também da esquerda estabelecida. Com atenção cuidadosa às sensibilidades incompletas e efêmeras de músicos, escritores, dançarinos e outros, Dunn revela o impacto mais conseqüente da virada contracultural da década de 1970 na produção cultural brasileira cotidiana e na sociedade civil.

2017 MenÇÃo Honrosa TIANNA PASCHEL

Becoming Black Political Subjects: Movements and Ethno-Racial Rights in Colombia and Brazil. Princeton, NJ: Princeton University Press, 2017.

O livro de Tianna Paschel oferece uma análise inovadora que desmistifica os fatores que catalisaram o desenvolvimento da legislação étnico-racial no Brasil e na Colômbia. De maneira mais distinta, Paschel conta com uma estrutura conceitual sofisticada e uma abordagem em vários níveis, que se baseia em pesquisa etnográfica e dados de arquivo para centralizar a agência de ativistas negros e mostrar como o alinhamento de diversos campos políticos (globais e locais) foram fatores críticos para o surgimento da subjetividade política negra. O livro de Paschel representa um modelo rigoroso de análise comparativa de raça, com clara significância para o Brasil e além.

2015 BARBARA WEINSTEIN

The Color of Modernity: São Paulo and the Making of Race and Nation in Brazil. Durham: Duke University Press, 2015.

Este livro cintilante traça a história da idéia de que São Paulo constituía uma região singularmente moderna, economicamente dinâmica e predominantemente branca, que incorporava o Brasil da melhor maneira possível. Por meio de uma pesquisa extraordinariamente detalhada sobre os principais episódios da história paulista do século XX, Weinstein mostra como os paulistas implantaram essa imagem em diferentes momentos para sustentar a posição de destaque do Estado no país, geralmente à custa de outras regiões. Uma das poderosas idéias do livro é conceber nação e região, além de brancura e democracia racial, não como opostos ou antagonistas, mas como construções imperfeitamente complementares. Ao fazê-lo, Weinstein abre novos caminhos ao explicar a reprodução e a persistência de desigualdades raciais e socioeconômicas – e suas dimensões espaciais – em um Brasil “racialmente democrático” ao longo do século XX. Este é um livro que moldará os estudos sobre raça, região, nação e desigualdade na América Latina e além nas próximas décadas.

2015 HEATHER F. ROLLER

Amazonian Routes: Indigenous Mobility and Colonial Communities in Northern Brazil. Stanford: Stanford University Press, 2014.

Este é um livro transformador. Belamente escrito, maravilhosamente discreto, o livro de Heather Roller oferece uma nova e convincente interpretação das interações entre o império português e as populações indígenas da Amazônia no final da era colonial. Rompendo com visões convencionais de longa data de amazonas nativas que fogem do poder imperial cada vez mais fundo na floresta, Heather Roller argumenta convincentemente, com base em fontes até então inexploradas, que os povos nativos da Amazônia usaram o estado imperial quase tanto quanto o estado imperial os usava . O livro de Roller nos obriga a repensar muito do que pensávamos que sabíamos sobre as relações Estado-indígenas, não apenas no Brasil, mas em grande parte da América Latina e do mundo – – e não somente nesse período, mas também hoje.

2015 MENÇÃO HONROSA REBECCA J. ATENCIO

Memorys Turn: Reckoning with Dictatorship in Brazil. Madison: University of Wisconsin Press, 2014.

Com o Memory’s Turn, Rebecca Atencio faz uma intervenção oportuna e incisiva nos debates em andamento sobre a cultura e a política da justiça de transição no Brasil. Após décadas de “esquecimento institucionalizado” que efetivamente ignoraram os crimes da ditadura militar, o governo brasileiro estabeleceu uma Comissão Nacional da Verdade em 2011 para investigar violações dos direitos humanos perpetradas por agentes do regime. O estudo de Atencio mostra como produtos culturais, incluindo romances, testemunhos, filmes e dramas de televisão, impactaram a “volta à memória” do Brasil. Ela oferece um modelo teórico elegante e transferível para entender a relação entre “ciclos de memória cultural” e mecanismos institucionais projetados para lidar com crimes e injustiças passados.